O Instituto de Stephen King (Editora Suma, 2019) é um dos mais recentes livros lançados pelo autor. Na obra King mostra que ainda possui fôlego de sobra para criar histórias com todos aqueles elementos que esperamos de suas publicações. Quem já é leitor de King perceberá também algumas referências bem divertidas a outros títulos do autor que aparecem de forma bem fluida e como um mimo a seus mais fiéis leitores. O Instituto é um thriller impactante. Possui doses de mistério e violência, na mesma medida em que sentimentos como cuidado e amizade serão importantes para o desdobramento da trama.


Imagine que você tenha na faixa dos doze anos de idade, more com seus pais numa casa confortável, que esteja levando sua vida como manda o roteiro. De repente, em uma noite, sua casa é invadida, seus pais são mortos e você acorda em um quarto que imita o seu, com as mesmas mobílias e decorações, só que sem janelas e em uma localidade desconhecida. Essa é a premissa de O Instituto e a história do protagonista Luke Ellis.

No momento em que Luke é sequestrado, o mesmo estava se preparando para decidir em qual universidade estudaria. Apesar da pouca idade, Luke é um garoto prodígio com QI acima da média e havia sido aprovado em diversos exames. Seus pais estavam dispostos a mudar de cidade para apoiar o jovem nessa mudança tão radical e serem um porto seguro no meio da selva universitária que Luke enfrentaria. Para completar, o garoto possui algumas habilidades telecinéticas, ou seja, consegue mover objetos com a força da mente. Esse fato é de conhecimento de seus pais e um segredo guardado entre eles.  O poder de Luke sempre vem a tona em momentos de excitação, de ansiedade e fogem ao seu controle.


Não é o fato da super inteligência de Luke o motivo de seu sequestro e isso, inclusive, é menosprezado por seus raptores que estão interessados apenas nos poderes sobrenaturais do garoto. Quando Luke acorda no Instituto percebe que está enclausurado com diversas outras crianças que possuem graus diferentes de telecinese e telepatia. O dia a dia dessas crianças é infernal. Eles passam por diversos tipos de testes físicos e são submetidos a verdadeiras torturas para que a equipe do Instituto alcance um objetivo que iremos descobrindo ao longo do livro e graças à inteligência de Luke e à comunhão que irá estabelecer com um grupo de crianças dentro da instituição. Ele se torna uma mera cobaia.

Mais uma vez King foca nas crianças. Luke e seus amigos Kalisha, Nick, George, Avery são o centro da história. O interessante é que apesar de Luke ser o protagonista e o garoto super dotado, ele não é o mais brilhante quando se trata dos poderes sobrenaturais. O grupo de amigos funciona bem para a trama e cada um é uma parte muito importante na luta que irão travar pela própria sobrevivência.

A partir daí, King trabalha muito bem com o clima de suspense. Entramos de cabeça no mar de dúvidas das crianças presas no Instituto sem saber os propósitos do local e nós enquanto leitores ficamos ávidos para entender o que é o instituto. Os adultos da trama são extremamente cruéis e em muitas partes lemos descrições pesadas de tortura e agressão. Essa total falta de cuidados com o bem estar físico e psicológico das crianças vai fazendo com que os mesmo duvidem se sairão daquela prisão com vida.

O Instituto é uma instituição do governo? É uma célula terrorista? É uma seita? Essas e diversas outras teorias da conspiração vão passando por nossa mente e serão respondidas ao final do livro com direito a muita emoção e aventura. O tempo todo percebemos um tom bem político na obra. King usa o universo do Instituto para falar sobre liberdade, direito de ir e vir e relações políticas.

É um livro que não decepciona quem já é fã de King e nem quem gosta de uma literatura de aventura. Não tenho dúvidas do potencial da história de se tornar uma das próximas adaptações do mestre King para um filme ou série televisiva.