Tormenta na Vila dos Tecidos da Anne Jacobs (Arqueiro, 2025) é o quinto volume da série “A Vila dos Tecidos”. A saga acompanha a história da família Melzer, que vive em uma grande mansão conhecida como Vila dos Tecidos e são donos de um conglomerado têxtil em Augsburgo na Alemanha. Do primeiro volume para cá, acompanhamos as conquistas e as perdas da família através dos tempos, onde não só o amadurecimento de cada personagem dita a narrativa, como também as grandes mudanças sociais do século.
Em “Tormenta na Vila dos Tecidos” vemos uma nova geração da família Melzer no centro da história, como por exemplo, os filhos de Paul e Marie, que estão na faixa dos 19 anos de idade. O mundo que Paul e Marie conheciam se tornou outro e esse choque geracional ajuda a dar o tom da obra. Vemos o desenrolar das significativas mudanças políticas da Alemanha do pós-guerra, como também o processo de emancipação das mulheres, que começam a se vestir com mais liberdade, a explorar seus desejos e ocupar cargos que eram exclusivos para homens.
Nesse ponto da história, temos uma narrativa envolvente e ao mesmo tempo bastante tensa. O ano é 1935 e o Partido Nacional-Socialista está ganhando força na Alemanha após um período de grave crise econômica. É angustiante a forma como a autora vai nos inserindo, aos poucos, no clima de medo e repressão que toma conta do país. De repente, suásticas são avistadas por todas as partes, assim como a imagem de Adolf Hitler. O seu próprio nome se tornou uma saudação obrigatória, onde todos aqueles que não a proferiam, eram automaticamente considerados inimigos do partido.
A família Melzer passa então a lidar com diversos dilemas morais. São vigiados de perto pela GESTAPO, a polícia política do estado nazista e Paul, precisa decidir até onde está disposto a abrir mão de suas convicções para salvar a tradicional fábrica de tecidos e proteger sua família.
Em “Tormenta na Vila dos Tecidos” vemos uma nova geração da família Melzer no centro da história, como por exemplo, os filhos de Paul e Marie, que estão na faixa dos 19 anos de idade. O mundo que Paul e Marie conheciam se tornou outro e esse choque geracional ajuda a dar o tom da obra. Vemos o desenrolar das significativas mudanças políticas da Alemanha do pós-guerra, como também o processo de emancipação das mulheres, que começam a se vestir com mais liberdade, a explorar seus desejos e ocupar cargos que eram exclusivos para homens.
Existia algum lugar no mundo para os exilados? Um país no meio do nada, flutuando entre o céu e a terra e onde pessoas de todas as nações e de todas as cores convivessem amistosamente umas com as outras?Logo, a descendência judaica de Marie, passa a ser motivo de preocupação. O partido nazista iniciara seu plano de perseguição ao povo judeu e o afastamento das pessoas de origem judaica, assim como qualquer tipo de contato afetuoso e financeiro, passa a ser encorajado. Marie, é a primeira da família Melzer, a perceber o perigo que o nazismo representava, inclusive para sua existência, e o abandono de sua própria pátria passa a ser a única alternativa.
Não era turista e não estava visitando parentes. Mas planejava abandonar seu lar por um longo tempo e tornar-se americana. Não estava fazendo aquilo por livre e espontânea vontade, mas porque era judia. Porém, não se sentia particularmente ligada aos muitos imigrantes judeus no navio, mesmo que dividisse aquele destino com eles. Ela era judia porque três de seus avós tinham sido judeus. Mas ela própria nunca se enxergara como tal até então. Não conhecera seus avós, seu pai também morrera antes de ela nascer, e só tinha uma lembrança distante de sua mãe que desvanecia cada vez mais com o passar dos anos. Fora criada de forma cristã no orfanato, e nunca ninguém lhe dissera que era judia. Marie se sentia estranha, solitária entre aqueles dois mundos, não pertencendo a nenhum deles, e perguntava-se com amargura qual seria de fato a diferença entre um alemão “ariano” e um alemão “judeu”, já que, até então, eles tinham convivido todos juntos e tinham lutado lado a lado pelo mesmo país na guerra.
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