Adeus, Gana de Taiye Selasi é o livro enviado pela TAG Experiências Literárias no kit de janeiro de 2020 e a publicação foi concebida em parceria com a Editora Planeta. Foi o primeiro livro de Selasi e lançado originalmente em 2013.
Adeus, Gana é um livro que já nasce clássico. Taiye Selasi escreve com um talento admirável ao construir uma narrativa que passeia entre presente e passado. O leitor precisa estar o tempo todo atento para perceber esse jogo que funciona como um flash back essencial para conhecer a fundo cada personagem. Conhecendo cada personagem vamos conhecendo também a história de uma família de origem africana que foi obrigada a migrar por conta de questões políticas. Kweku Sai é natural de Gana e sua esposa Folasadé da Nigéria. Eles são pais de Olu, Sadie, e do casal de gêmeos Taiwo e Kehinde que foram criados nos EUA.
Essa edição conta com duas informações adicionais e que funcionam muito bem para nós leitores. Nas primeiras páginas encontramos um quadro dedicado a apresentar pronúncia, significado e origem de algumas palavras que aparecem com frequência no romance. Como essas palavras são de origem africana (Gana e Nigéria) acaba sendo um exercício muito legal saber que estamos tendo a oportunidade de aprender a pronúncia. E na página seguinte encontramos a Árvore Genealógica das personagens que também colabora muito com o entendimento da história.
Logo no início da história sabemos que Kweku, patriarca da família que era um médico renomado faleceu. Essa notícia será a bússola para entendermos a história dessa família que foi desmoronando por conta de uma perda que vem muito antes dessa morte e as consequências na vida de cada familiar.
Kweku foi muito jovem para os Estados Unidos e lá teve a oportunidade de se formar como médico. Após uma carreira consolidada e a aquisição da casa dos sonhos, um caso violento de racismo no trabalho o faz perder seu emprego. Kweku se torna um homem quebrado e entra em um nível de desespero que faz com que ele abandone sua própria família. Muitos anos se passam e a notícia de sua morte é o que fará com que mãe e irmãos se reencontrem. Por conta de dificuldades financeiras esses irmãos acabaram indo parar em locais diferentes, construindo suas vidas, se estabelecendo em suas profissões, mas sempre acompanhados pelo fantasma desse pai que os abandonara. O reencontro trás a tona muitas histórias e segredos.
Cada membro da família internalizou de uma forma diferente o trauma de primeiramente serem abandonados pelo pai. As feridas de cada um são muito profundas e por vezes, nós leitores, chegamos a questionar se ainda existe algum amor entre eles. Com a revisitação das histórias e conhecimento sobre o passado descobrimos fatos interessantes e um deles é o peso que a cultura, a tradição e uma ideia concebida de paternidade pode ser prejudicial para uma família. A questão do pai que abandona é apresentada de uma forma que conseguimos esboçar uma reflexão social sobre essa realidade e seu impacto.
Muitas discussões de cunho social transitam pela trama. A condição do negro, dos refugiados e da mulher são bem evidentes. Algo que não podemos deixar de perceber é a exploração de uma história que transita entre EUA e África e que apresenta para quem está lendo, uma narrativa que ultrapassa os estereótipos sobre negritude e continente africano. Nos sentimos mais próximos dos dramas existenciais e universais das personagens, assim como de Nigéria e Gana que se tornam personagens.
A morte e as relações familiares são um prato cheio para a escrita poética e densa de Taiye Selasi. Conhecemos o íntimo de cada um de uma forma que nos sentimos autorizados a projetar o caminho e as decisões que eles deveriam tomar para aliviar seus dramas e dores. A escritora também é filha de pai ganense e mãe nigeriana, portanto, é bem compreensível a carga emocional com que esse romance é escrito.
Adeus, Gana é um livro que já nasce clássico. Taiye Selasi escreve com um talento admirável ao construir uma narrativa que passeia entre presente e passado. O leitor precisa estar o tempo todo atento para perceber esse jogo que funciona como um flash back essencial para conhecer a fundo cada personagem. Conhecendo cada personagem vamos conhecendo também a história de uma família de origem africana que foi obrigada a migrar por conta de questões políticas. Kweku Sai é natural de Gana e sua esposa Folasadé da Nigéria. Eles são pais de Olu, Sadie, e do casal de gêmeos Taiwo e Kehinde que foram criados nos EUA.
Essa edição conta com duas informações adicionais e que funcionam muito bem para nós leitores. Nas primeiras páginas encontramos um quadro dedicado a apresentar pronúncia, significado e origem de algumas palavras que aparecem com frequência no romance. Como essas palavras são de origem africana (Gana e Nigéria) acaba sendo um exercício muito legal saber que estamos tendo a oportunidade de aprender a pronúncia. E na página seguinte encontramos a Árvore Genealógica das personagens que também colabora muito com o entendimento da história.
Logo no início da história sabemos que Kweku, patriarca da família que era um médico renomado faleceu. Essa notícia será a bússola para entendermos a história dessa família que foi desmoronando por conta de uma perda que vem muito antes dessa morte e as consequências na vida de cada familiar.
Kweku foi muito jovem para os Estados Unidos e lá teve a oportunidade de se formar como médico. Após uma carreira consolidada e a aquisição da casa dos sonhos, um caso violento de racismo no trabalho o faz perder seu emprego. Kweku se torna um homem quebrado e entra em um nível de desespero que faz com que ele abandone sua própria família. Muitos anos se passam e a notícia de sua morte é o que fará com que mãe e irmãos se reencontrem. Por conta de dificuldades financeiras esses irmãos acabaram indo parar em locais diferentes, construindo suas vidas, se estabelecendo em suas profissões, mas sempre acompanhados pelo fantasma desse pai que os abandonara. O reencontro trás a tona muitas histórias e segredos.
Cada membro da família internalizou de uma forma diferente o trauma de primeiramente serem abandonados pelo pai. As feridas de cada um são muito profundas e por vezes, nós leitores, chegamos a questionar se ainda existe algum amor entre eles. Com a revisitação das histórias e conhecimento sobre o passado descobrimos fatos interessantes e um deles é o peso que a cultura, a tradição e uma ideia concebida de paternidade pode ser prejudicial para uma família. A questão do pai que abandona é apresentada de uma forma que conseguimos esboçar uma reflexão social sobre essa realidade e seu impacto.
Muitas discussões de cunho social transitam pela trama. A condição do negro, dos refugiados e da mulher são bem evidentes. Algo que não podemos deixar de perceber é a exploração de uma história que transita entre EUA e África e que apresenta para quem está lendo, uma narrativa que ultrapassa os estereótipos sobre negritude e continente africano. Nos sentimos mais próximos dos dramas existenciais e universais das personagens, assim como de Nigéria e Gana que se tornam personagens.
A morte e as relações familiares são um prato cheio para a escrita poética e densa de Taiye Selasi. Conhecemos o íntimo de cada um de uma forma que nos sentimos autorizados a projetar o caminho e as decisões que eles deveriam tomar para aliviar seus dramas e dores. A escritora também é filha de pai ganense e mãe nigeriana, portanto, é bem compreensível a carga emocional com que esse romance é escrito.
O único motivo para um relacionamento é interpretar, em miniatura, todo o drama da vida e da morte. O amor nasce como uma criança nasce. O amor cresce como uma criança cresce. Um homem sabe muito bem que vai morrer, mas, tendo conhecido apenas a vida, não acredita em sua morte. Então, um dia, seu amor se torna frio. Seu coração para de bater. O amor cai morto. Desse jeito, o homem aprende que a morte é realidade: que a morte pode existir em seu ser, sua própria. A morte de um animal de estimação ou de uma rosa ou de um pai pode causar dor ao homem, mas não vai ensinar isso. A morte deve ocorrer no coração para ser acreditada. Depois que o amor morre, o homem acredita em sua própria morte.
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