O que te pertence do Garth Greenwell (Editora Todavia, 2019) é um livro que acompanha as vivências de um jovem americano que vive na Bulgária como professor de inglês e poeta. O protagonista é um homem gay que carrega consigo alguns traumas inerentes ao processo de se descobrir como homossexual e que pode promover uma identificação com muitos leitores da comunidade LGBTQIA+.
É muito comum que narrativas sobre a sexualidade de pessoas LGBT deixem transparecer os impactos do preconceito e da homofobia. Em muitos casos, somos obrigados a nos descobrir enquanto gays muito antes que esse assunto esteja no nosso radar. A homofobia de amigos, familiares, da escola e diversos outros ambientes de interação social ao perceberem sinais de que uma pessoa não irá viver sua sexualidade como o binarismo impõe, começam a promover um afastamento ou controle da nossa individualidade. Esse tipo de ação acaba por invadir violentamente o nosso ser e a nossa formação. Começamos a olhar para nós mesmos como algo que deu errado.
Durante a leitura, vamos adentrando nas histórias do protagonista, a quem não sabemos o nome, e percebendo como o passado, as vivências familiares e a cultura influenciam desde a nossa formação, até a nossa sexualidade.
Vivendo na Bulgária, o jovem professor, acaba se rendendo a um tipo de relação que que é recorrente entre homens gays. Encontros furtivos, frivolos e rápidos em banheiros públicos, parques, ruas escuras. Essa é uma realidade que demonstra como ainda a vivência da nossa sexualidade é cercada por riscos e perigos promovidos por uma sociedade que não nos aceita, que nos vê como corpos estranhos. Para muitas pessoas é fácil logo rotular um gay que se permite transar em um banheiro como promíscuo e muito difícil parar para refletir e pensar quais situações que levaram a manutenção dessa "cultura" do sexo escondido, do sexo sigiloso. Para alguns esse tipo de sexo pode ser apenas um fetiche, enquanto para outros pode ser a única oportunidade de vivenciar e saciar seus desejos ou até mesmo de ter afeto.
É depois de entrar mais uma vez em um banheiro público em Sófia, capital da Bulgária e de conhecer o lindo e sedutor Mitko que o professor irá entrar em uma relação conflituosa, onde sexo pago e apego emocional irão entrar em rota de colisão.
Aliado a isso o jovem vai relembrar diversos fatos de sua vida que o fizeram ser o o homem que é, e que inclusive o levaram dos EUA para a Bulgária. Além de se sentir um estrangeiro na família em que nasceu, o livro explora o fato de sua condicao de estrangeiro em um país e sem dominar completamente uma língua como mais um recurso da história para representar sua busca pela aceitação, pela individualidade, por uma forma de viver o amor e de encontrar o que te pertence.
É muito comum que narrativas sobre a sexualidade de pessoas LGBT deixem transparecer os impactos do preconceito e da homofobia. Em muitos casos, somos obrigados a nos descobrir enquanto gays muito antes que esse assunto esteja no nosso radar. A homofobia de amigos, familiares, da escola e diversos outros ambientes de interação social ao perceberem sinais de que uma pessoa não irá viver sua sexualidade como o binarismo impõe, começam a promover um afastamento ou controle da nossa individualidade. Esse tipo de ação acaba por invadir violentamente o nosso ser e a nossa formação. Começamos a olhar para nós mesmos como algo que deu errado.
Isso estava acontecendo com meus amigos também, com os garotos cuja companhia eu buscava com uma nova urgência, e embora esta ainda fosse leve e isenta de intenções, eles podiam sentir a elevação da temperatura. Estavam começando a pensar em mim como um tipo à parte, e o que era uma sombra de distanciamento entre nós acabaria se convertendo num distanciamento absoluto, que eu já sentia com um pavor terrível.
Durante a leitura, vamos adentrando nas histórias do protagonista, a quem não sabemos o nome, e percebendo como o passado, as vivências familiares e a cultura influenciam desde a nossa formação, até a nossa sexualidade.
Vivendo na Bulgária, o jovem professor, acaba se rendendo a um tipo de relação que que é recorrente entre homens gays. Encontros furtivos, frivolos e rápidos em banheiros públicos, parques, ruas escuras. Essa é uma realidade que demonstra como ainda a vivência da nossa sexualidade é cercada por riscos e perigos promovidos por uma sociedade que não nos aceita, que nos vê como corpos estranhos. Para muitas pessoas é fácil logo rotular um gay que se permite transar em um banheiro como promíscuo e muito difícil parar para refletir e pensar quais situações que levaram a manutenção dessa "cultura" do sexo escondido, do sexo sigiloso. Para alguns esse tipo de sexo pode ser apenas um fetiche, enquanto para outros pode ser a única oportunidade de vivenciar e saciar seus desejos ou até mesmo de ter afeto.
É depois de entrar mais uma vez em um banheiro público em Sófia, capital da Bulgária e de conhecer o lindo e sedutor Mitko que o professor irá entrar em uma relação conflituosa, onde sexo pago e apego emocional irão entrar em rota de colisão.
Aliado a isso o jovem vai relembrar diversos fatos de sua vida que o fizeram ser o o homem que é, e que inclusive o levaram dos EUA para a Bulgária. Além de se sentir um estrangeiro na família em que nasceu, o livro explora o fato de sua condicao de estrangeiro em um país e sem dominar completamente uma língua como mais um recurso da história para representar sua busca pela aceitação, pela individualidade, por uma forma de viver o amor e de encontrar o que te pertence.
Nossa, mais uma vez você mostra com as fotos a sua habilidade de encontrar e escolher livros lindos editorialmente.
ResponderExcluirEnquanto lia sua resenha, lembrei -me dos preconceitos quem conhecidos meus sofreram em igrejas evangélicas. Digo conhecidos porque seríamos amigos em outras circunstâncias. As igrejas evangélicas heteronormativas são lugares de extrema segregação. Essa cultura muitas vezes impelem seus membros não binários a vidas duplas. É terrível e massacrante.
A metáfora da pessoa em solo estrangeiro é genial e acrescenta a realidade do perigo que existe em ser autêntico quando você não é normativo. Sensacional.