O homem invisível do aclamado escritor H.G.Weels (1866 - 1946) é uma leitura deliciosa. Brinca com o fantástico e com a ciência para conceber uma história quase crível e com alguns ingredientes que prendem o leitor. A possibilidade de invisibilidade toca fundo na nossa imaginação e é impossível não se pegar pensando nas coisas que a gente faria se pudesse andar por aí sem sermos vistos.
A edição que tenho em mãos é bem antiga e estava em minha estante a algum tempo. Foi lançada pela editora Francisco Alves numa época onde os editores não achavam relevante colocar data e nem ficha catalográfica, então não faço ideia da data de publicação. Ainda assim gosto muito da capa, pois remete ao clima ao mesmo tempo clássico e rústico que perpassa toda a obra. Gosto muito de capas antigas de livros de ficção científica. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a história da Editora Francisco Alves que está em atividade desde 1854. No fim do texto vou deixar o link de uma matéria interessante sobre sua história e importância para a literatura nacional.
A história do homem invisível já serviu de inspiração para algumas adaptações cinematográficas de sucesso e não por acaso. Na linguagem do cinema a premissa de um homem invisível também funciona muito bem. A possibilidade de ter alguem invisível a sua volta é assustadora e a de ser o próprio invisível tem lá sua atração. A história serviu de inspiração para o cinema no ano de 1933 com The Invisible Man que talvez seja a adaptação mais fiel ao livro de Wells. Em 1940 foram produzidos mais dois filmes, o The Invisible man Returns e The Invisible Woman. Em 1942 lançaram o The Invisible Agent e em 1944 o The Invisible Man's Revenge. Essas produções foram uma espécie de sequência por conta do sucesso do primeiro filme. Em 2008, The Invisible Man foi selecionado para ser preservado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América. No ano 2000, já com um roteiro completamente diferentes, mas partindo da invisibilidade como tema tivemos o bem sucedido O homem sem sombra que chamou bastante atenção pelos efeitos especiais. E em 2020 outra obra interessante apostou na fantasia do homem invisível com uma história completamente nova chamado O Homem Invisível e com a participação da atriz Elisabeth Moss.
Diferentemente dos filmes, principalmente os mais atuais, que apostaram mais no homem invisível como um perseguidor assassino e vingativo, no livro é explorado também as muitas dificuldades de não poder ser visto e de manter coisas essenciais para sobrevivência como se proteger de frio e calor, se alimentar, transitar sem chamar atenção de bichos e pessoas. Na história de Wells os prós e os contras são equalizados e contribuem muito com a narrativa e com os motivos que levaram o personagem a se tornar invisível.
Muitas das descrições do livro, das cenas de fuga, ataque ou sustos são memoráveis. Conseguimos entrar no clima de tensão tanto do ponto de vista do homem invisível que também se vê em situações de vulnerabilidade, como de quem está assombrado com sua existência que ganhar ares de entidade por conta de todo o mistério.
A descrição da própria aparência do homem invisível, ao chegar em uma estalagem logo no começo do livro é um ingrediente que nos faz comprar a história e ficar ansioso pelo que está por vir. Imagine uma figura humana fechada em um grande sobretudo, com botas e luvas, um grande chapéu que cobre seu rosto, bandagens a envolver todo o crânio como uma pessoa acidentada ou desfigurada com apenas fiapos de cabelos escapando e uma ponta de nariz rosado aparente. É curioso e fantástico e pega leitores e personagens da história.
"O homem invisível" nos faz refletir sobre o que esconde a natureza humana e o poder das convenções sociais para evitar a barbarie. Até onde pode ir o desejo do ser humano de viver em plena e total liberdade e livre das consequências dos próprios atos? Ao longo da leitura vamos descobrindo o quanto essa liberdade e impunidade são ilusórias mesmo para um homem invisível. É impossível viver sem estabelecer o mínimo de regras e códigos, principalmente quando estes vão de encontro à vivência de terceiros. A história vai colocando esse grande poder da invisibilidade como um grande passo para a loucura e para a perdição.
Conheça mais sobre a Editora Francisco Alves - https://jornal.usp.br/cultura/livro-analisa-trajetoria-da-editora-francisco-alves/
A edição que tenho em mãos é bem antiga e estava em minha estante a algum tempo. Foi lançada pela editora Francisco Alves numa época onde os editores não achavam relevante colocar data e nem ficha catalográfica, então não faço ideia da data de publicação. Ainda assim gosto muito da capa, pois remete ao clima ao mesmo tempo clássico e rústico que perpassa toda a obra. Gosto muito de capas antigas de livros de ficção científica. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a história da Editora Francisco Alves que está em atividade desde 1854. No fim do texto vou deixar o link de uma matéria interessante sobre sua história e importância para a literatura nacional.
A história do homem invisível já serviu de inspiração para algumas adaptações cinematográficas de sucesso e não por acaso. Na linguagem do cinema a premissa de um homem invisível também funciona muito bem. A possibilidade de ter alguem invisível a sua volta é assustadora e a de ser o próprio invisível tem lá sua atração. A história serviu de inspiração para o cinema no ano de 1933 com The Invisible Man que talvez seja a adaptação mais fiel ao livro de Wells. Em 1940 foram produzidos mais dois filmes, o The Invisible man Returns e The Invisible Woman. Em 1942 lançaram o The Invisible Agent e em 1944 o The Invisible Man's Revenge. Essas produções foram uma espécie de sequência por conta do sucesso do primeiro filme. Em 2008, The Invisible Man foi selecionado para ser preservado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América. No ano 2000, já com um roteiro completamente diferentes, mas partindo da invisibilidade como tema tivemos o bem sucedido O homem sem sombra que chamou bastante atenção pelos efeitos especiais. E em 2020 outra obra interessante apostou na fantasia do homem invisível com uma história completamente nova chamado O Homem Invisível e com a participação da atriz Elisabeth Moss.
Diferentemente dos filmes, principalmente os mais atuais, que apostaram mais no homem invisível como um perseguidor assassino e vingativo, no livro é explorado também as muitas dificuldades de não poder ser visto e de manter coisas essenciais para sobrevivência como se proteger de frio e calor, se alimentar, transitar sem chamar atenção de bichos e pessoas. Na história de Wells os prós e os contras são equalizados e contribuem muito com a narrativa e com os motivos que levaram o personagem a se tornar invisível.
Muitas das descrições do livro, das cenas de fuga, ataque ou sustos são memoráveis. Conseguimos entrar no clima de tensão tanto do ponto de vista do homem invisível que também se vê em situações de vulnerabilidade, como de quem está assombrado com sua existência que ganhar ares de entidade por conta de todo o mistério.
A descrição da própria aparência do homem invisível, ao chegar em uma estalagem logo no começo do livro é um ingrediente que nos faz comprar a história e ficar ansioso pelo que está por vir. Imagine uma figura humana fechada em um grande sobretudo, com botas e luvas, um grande chapéu que cobre seu rosto, bandagens a envolver todo o crânio como uma pessoa acidentada ou desfigurada com apenas fiapos de cabelos escapando e uma ponta de nariz rosado aparente. É curioso e fantástico e pega leitores e personagens da história.
O estranho chegou no início de fevereiro, em um dia gélido, arrostando o vento cortante e a neve que não cessava de cair, a última nevada do ano. Caminhava pela colina, vindo, ao que parecia, da estação da estrada de ferro de Bramblehurst e segurava uma pequena valise negra na mão calçada com uma luva grossa. Estava agasalhado da cabeça aos pés e a aba do chapéu de feltro macio ocultava-lhe cada centímetro do rosto, exceto a ponta brilhante do nariz, a neve tinha se acumulado em seus ombros e peito, acrescentado uma orla branca ao peso que carregava. Cambaleando, entrou no "Coach and Horses", aparentemente mais morto do que vivo e deixou cair a maleta...
"O homem invisível" nos faz refletir sobre o que esconde a natureza humana e o poder das convenções sociais para evitar a barbarie. Até onde pode ir o desejo do ser humano de viver em plena e total liberdade e livre das consequências dos próprios atos? Ao longo da leitura vamos descobrindo o quanto essa liberdade e impunidade são ilusórias mesmo para um homem invisível. É impossível viver sem estabelecer o mínimo de regras e códigos, principalmente quando estes vão de encontro à vivência de terceiros. A história vai colocando esse grande poder da invisibilidade como um grande passo para a loucura e para a perdição.
Conheça mais sobre a Editora Francisco Alves - https://jornal.usp.br/cultura/livro-analisa-trajetoria-da-editora-francisco-alves/
Oi. Parece legal. E eu tbm gosto muito de capas de livros antigos
ResponderExcluirEu também sou apaixonado por capas antigas. Da uma nostalgia e um charme pra obra.
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