Luzes de emergência se acenderão automaticamente da Luísa Geisler (Editora Alfaguara, 2014) é um livro surpreendente. Ele narra uma etapa da vida das personagens, que se torna também as etapas de crescimento e amadurecimento de um grupo de jovens. É o retrato de uma geração recente e seus dilemas, dúvidas, anseios, amores e perdas. A forma como a Luísa Geisler escreve garante uma proximidade ainda maior do leitor com a obra, como se estivéssemos pautando a vida numa mesa de bar, alternando entre embriaguez e sobriedade.
Cada capítulo inicia na terceira pessoa, fazendo uma breve apresentação das personagens, suas personalidades e os vínculos que estabelecem. Em seguida, somos convidados a entrar, ou talvez a invadir a cabeça de Henrique. Ike é um jovem que começa a escrever cartas para seu melhor amigo que sofreu um acidente e está em coma a alguns meses. Ele anda agarrado a esse caderno, onde faz confissões íntimas, relembra fatos vividos pelos dois, fala sobre suas famílias, sobre as namoradas, festas, viagens, emprego, drogas, sexo, enfim, todos os fatos relacionados a sua vida e sua rotina. Henrique escreve com a justificativa de atualizar o amigo Gabriel quanto este sair do coma, mas vamos percebendo que a escrita, nessa espécie de diário, é uma forma de lidar com a dor, com a perda e com a solidão.
A cada carta escrita por Henrique, somos acometidos das mais diversas sensações e sentimentos. Algumas passagens são muito engraçadas e a escolha da escritora de explorar uma linguagem coloquial e direta nos coloca no meio de uma conversa de amigos íntimos, portanto sem filtros. Algumas partes são de marejar os olhos, pois Henrique, está lidando o tempo todo com a falta do amigo e com a incerteza sobre sua recuperação.
As personagens são muito reais. Seus diálogos são muito reais. A forma como Geisler escancara a personalidade das personagens é bem interessante. Não encontraremos um herói ou heroína sem defeitos, mas um passeio pela realidade de jovens em processo de transformação. Você vai identificar seu irmão, seu sobrinho, seu amigo, seu vizinho e até mesmo você.
Cada capítulo inicia na terceira pessoa, fazendo uma breve apresentação das personagens, suas personalidades e os vínculos que estabelecem. Em seguida, somos convidados a entrar, ou talvez a invadir a cabeça de Henrique. Ike é um jovem que começa a escrever cartas para seu melhor amigo que sofreu um acidente e está em coma a alguns meses. Ele anda agarrado a esse caderno, onde faz confissões íntimas, relembra fatos vividos pelos dois, fala sobre suas famílias, sobre as namoradas, festas, viagens, emprego, drogas, sexo, enfim, todos os fatos relacionados a sua vida e sua rotina. Henrique escreve com a justificativa de atualizar o amigo Gabriel quanto este sair do coma, mas vamos percebendo que a escrita, nessa espécie de diário, é uma forma de lidar com a dor, com a perda e com a solidão.
A cada carta escrita por Henrique, somos acometidos das mais diversas sensações e sentimentos. Algumas passagens são muito engraçadas e a escolha da escritora de explorar uma linguagem coloquial e direta nos coloca no meio de uma conversa de amigos íntimos, portanto sem filtros. Algumas partes são de marejar os olhos, pois Henrique, está lidando o tempo todo com a falta do amigo e com a incerteza sobre sua recuperação.
As personagens são muito reais. Seus diálogos são muito reais. A forma como Geisler escancara a personalidade das personagens é bem interessante. Não encontraremos um herói ou heroína sem defeitos, mas um passeio pela realidade de jovens em processo de transformação. Você vai identificar seu irmão, seu sobrinho, seu amigo, seu vizinho e até mesmo você.
Tenho a sensação de que eu vou ficar o resto da minha vida procurando o que é que eu quero fazer e tal e nunca vou saber exatamente. Esse sentimento adolescente meio que permanece. Eu aos dezoito vou achar que aos vinte e dois vou saber, e daí aos vinte e dois vou achar que vou saber aos vinte e cinco, aos vinte e sete, aos trinta e cinco. Quando tu vê, tu não tem mais chances de fazer o que tu quer porque tu passou todo esse tempo procurando o que era isso.Em "luzes" você encontrará alguns posicionamentos como falas machistas, homofóbicas, gordofóbicas, que não são opinião da autora mas um recurso, uma estratégia narrativa que mostra de forma nua e crua o desenvolvimento de um jovem em uma sociedade cheia de preconceitos e regras pré estabelecidas.
“Mas”, ele disse, “luzes de emergência se acendendo automaticamente podem ser úteis”.As cartas de Henrique para Gabriel são como sessões de terapia. Para escrever para o amigo Ike olha muito para si e para as pessoas a sua volta. Ele analisa cada passo que vem dando e se questiona o tempo todo sobre tudo. As cartas são sua válvula de escape, sua âncora, sua preparação para enfrentar os próprios medos. Nessa caminhada, Henrique se desnuda, se descobre, se questiona, se permite relacionar. Acredito que com esse livro temos em mãos uma potente metáfora sobre amadurecimento.
“Dá pra usar no cinema, em prédios, na rua, coisa e tal.”
“Imagina essas luzes na nossa vida. Hein, tá dando alguma merda que te tira a noção, que deixa as coisas mais nebulosas. As luzes acendem.”
“Deve ter pessoas assim, que são luzes.”
“E quando tu é cego pras luzes, hein?”
“Daí é uma emergência mesmo.”
Adorei a resenha. Gosto muito de livros que nos fazem sentir que somos quase que amigos íntimos dos personagens.
ResponderExcluirÉ uma das melhores sensações do processo de leitura!
ExcluirAchei os recursos narrativos muito inteligentes. Essa experimentação é muito bem-vinda. Vivemos em uma época em que a literatura tem mais liberdade e ultrapassa bordas.
ResponderExcluirA escolha dos trechos do texto que você fez foi muito bem acertada. Espero em breve poder ler esse livro!
Indico demais Samuca. Literatura de primeira que consegue conversar de perto com a gente!
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