O Deserto dos Tártaros de Dino Buzzati (TAG - Experiências Literárias, 2018) lançado originalmente em 1940 é um livro sobre a espera e seu desenvolvimento perpassa todas as etapas que o ato de esperar trás consigo. É um livro que não possui um clímax porque a espera é a eterna busca do clímax. Sendo assim, é uma leitura que faz com que a gente entre numa maré de angústia, cansaço, tensão moderada e uma ânsia de que algo aconteça - sentimento de cada personagem e passa a ser nosso também, enquanto leitores.


Na história, o jovem tenente Giovanni Drogo é enviado para prestar serviços militares em um forte. Esse forte fica no meio do nada. De frente para o forte Bastiani uma cadeia de montanhas que parece sem fim e do lado oposto um deserto que há muito tempo a guarnição acredita que será a porta de entrada de uma invasão dos Tártaros.

Quando Drogo chega a seu posto passa a compartilhar os dias, a espera e uma rotina mecânica e burocrática com jovens como ele e com senhores que estão a décadas aguardando a oportunidade de defender a região de uma invasão, de uma guerra. Giovani chega já com planos para voltar para a cidade dali a quatro meses, mas por algo que parece uma mágica obsessão os anos vão passando e o forte passa a ser o único lugar onde Drogo consegue estar.


É um livro sobre a espera mas também sobre a solidão. É um livro sobre a espera mas também sobre busca. É um livro sobre a espera mas também sobre planos, esperança, resignação, tempo, renúncia, morte. É uma reflexão sobre o que fazemos com o tempo que a vida nos deu.

Se a tão esperada invasão estrangeira ocorre ou não só lendo o livro pra saber. O que posso te dizer é que a invasão da vida e da existência humana acontece e terminamos o livro com um suspiro e cheio de dúvidas sobre nossas esperas individuais e se as mesmas valerão a pena.