A Promessa e A Pane de Friedrich Dürrenmatt (TAG - Experiências Literárias, 2018.

A publicação em questão é um livro duplo. Somos apresentados a duas histórias - A Promessa (1958) e A Pane (1956). Achei uma ótima maneira de adentrar no universo da literatura suíça, pois Friedrich possui uma escrita muito empolgante e com uma estética que torna o texto grandioso.


Em "A Promessa" mergulhamos em uma história de investigação policial e o mais empolgante é que a intenção do Friedrich é apresentar uma narrativa que "debocha" do romance policial previsível e com estratégias já desgastadas para prender o leitor, e a forma que Dürrenmatt encontrou de "criticar" a literatura de investigação policial foi criando um puta romance policial, onde o ápice da história não é a resolução do mistério mas sim a construção de um ambiente ficcional irônico onde personagens e diálogos são um show à parte e criticam o mundo contemporâneo. A partir do acontecimento de um crime violento vamos acompanhando a obsessão de um investigador em descobrir o assassino. Matthai, o investigador passa a ser assombrado por uma promessa aparentemente cumprida e uma promessa por cumprir.


O segundo livro "A Pane" tem ares de novela ou conto e é dividida em duas partes. Assim como Dürrenmatt brinca e explora o título de "A Promessa", em "A Pane" não será diferente - uma pane no carro do caixeiro viajante Alfredo Traps resultará no acontecimento de uma outra grande pane. Traps se hospeda na casa de um senhor, juiz aposentado, e lá conhece seu grupo de amigos e aceita participar de um jogo de adultos regado à comes e bebes. Esse jogo tem o intuito de simular um tribunal que irá julgar e condenar culpados, e cada participante tem seu papel como juiz, promotor, advogado de defesa, réu. A cerimônia do julgamento e o transitar de pratos e mais pratos de comidas e taças e mais taças de vinhos vão acontecendo juntamente como os diálogos do "julgamento" que começam a devassar a vida de Alfredo em seus mais íntimos detalhes. É difícil não ler de um fôlego só e a conclusão é genial. Os dois livros tem um ponto em comum que é uma reflexão intensa sobre escritor e escrita de qualidade.