O Olho Mais Azul de Toni Morrison (Companhia das Letras/ TAG - Experiências Literárias), 2019) é um romance arrebatador e que pode ser uma leitura muito dolorida para muitos. Toni Morrison retrata sem filtros o peso do condicionamento da vida de suas personagens pelo racismo e pelas desigualdades.
A história nos apresenta à menina Pecola, e depois dá um giro pelas narrativas de outras personagens que estão ao redor da garota. Com isso consegue situar o que conta em um universo que deixa bem desenhado a força da história, da falta de perspectiva e as consequências de uma vida sem liberdade.
O livro trata de identidade, da impossibilidade de se firmar uma relação com a própria história por conta da condição social e racial. Consegue ilustrar todas essas situações ao desenhar uma árvore genealógica da castração do indivíduo enquanto ser de direitos e de sonhos. A condição das mulheres negras é retratada com toda violência e crueldade. Uma violência por muitas vezes física e sempre psicológica.
Nossa personagem principal, a Pecola, irá durante a sua vida ser convencida pelo racismo que sua estética é deplorável e então passa a desejar com todas as forças ter o olho mais azul. É um ótimo livro para discutir sobre a estética hegemônica que nos persegue ainda hoje. O Olho mais azul nos ajuda a refletir sobre as raízes da destruição da auto estima de negros e negras através da delimitação do belo e do feio, e pode ser um instrumento poderoso de contribuição para o movimento que vem para resgatar a beleza racial.
A história nos apresenta à menina Pecola, e depois dá um giro pelas narrativas de outras personagens que estão ao redor da garota. Com isso consegue situar o que conta em um universo que deixa bem desenhado a força da história, da falta de perspectiva e as consequências de uma vida sem liberdade.
O livro trata de identidade, da impossibilidade de se firmar uma relação com a própria história por conta da condição social e racial. Consegue ilustrar todas essas situações ao desenhar uma árvore genealógica da castração do indivíduo enquanto ser de direitos e de sonhos. A condição das mulheres negras é retratada com toda violência e crueldade. Uma violência por muitas vezes física e sempre psicológica.
Entraram devagar na vida pela porta dos fundos. Transformaram-se. Todo mundo podia lhes dar ordens. As mulheres brancas diziam "Faça isso". As crianças brancas diziam "Me dá aquilo". Os homens brancos diziam "Venha cá". Os homens negros diziam "Deita". As únicas pessoas de quem não precisavam receber ordens eram as crianças e as outras mulheres negras. Mas elas pegaram tudo isso e recriaram à sua própria imagem. Administravam a casa dos brancos, e sabiam disso. Quando os brancos espancavam os seus homens, elas limpavam o sangue e iam para casa receber maus-tratos da vítima. Batiam nos filhos com uma mão e com a outra roubavam para eles. As mãos que cortavam árvores também cortavam cordões umbilicais; as mãos que torciam o pescoço de galinhas e abatiam porcos também cuidavam de violetas africanas até que florissem; os braços que carregavam feixes, fardos e sacos também embalavam bebês. Elas moldavam biscoitos farinhentos em ovais de inocência - e amortalhavam os mortos. Aravam o dia inteiro e iam pra casa para se aninhar sob os membros de seus homens. As pernas que cavalgavam o dorso de uma mula eram as mesmas que cavalgavam os quadris de seus homens. E a diferença era toda a diferença do mundo.
Nossa personagem principal, a Pecola, irá durante a sua vida ser convencida pelo racismo que sua estética é deplorável e então passa a desejar com todas as forças ter o olho mais azul. É um ótimo livro para discutir sobre a estética hegemônica que nos persegue ainda hoje. O Olho mais azul nos ajuda a refletir sobre as raízes da destruição da auto estima de negros e negras através da delimitação do belo e do feio, e pode ser um instrumento poderoso de contribuição para o movimento que vem para resgatar a beleza racial.
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