Pobre George (Editora Record, 2009)


Não conhecia a escritora Paula Fox. Cheguei até ela de uma forma inusitada e que demonstra as várias possibilidades de um mediação de leitura - Paula Fox é uma das escritoras favoritas da personagem Beck, da série "You" da Netflix. Vejo muitas séries e essa foi uma das melhores que assisti esse ano. A série "You" tem uma livraria e o amor pelos livros e pela leitura como pano de fundo, apesar de poucos falarem sobre isso e focarem na psicopatia do Joe. O que mais me encantou na série foram as citações a autores, livros, processo de escrita (Beck é um aspirante a escritora), ambiente de livraria, discussão sobre livros raros e etc. Na história Beck e Joe se conhecem quando a personagem chega á livraria em busca do livro "Desesperados" da Paula Fox que ainda não encontrei, então resolvi começar pelo "Pobre George".

"Pobre George" é um livro muito bem escrito na maior parte do tempo e as descrições da vida e personalidade do professor George prendem nossa atenção por páginas e páginas. George conhece um adolescente em situação de vulnerabilidade e ajudá-lo passa a ser sua grande obsessão. Essa fixação acaba por trazer muitos dramas para a vida pessoal do professor e tudo isso vai sendo contextualizado em meio a discussões sobre a pratica docente.


George não sabe ao certo se gosta de sua profissão e questiona o tempo todo a qualidade de seu trabalho e essa aproximação do jovem Ernest acaba sendo uma reaproximação com o prazer de colaborar com uma educação libertadora e uma esperança de reencontrar um propósito. É a forma que George encontra para mensurar sua capacidade como professor.

A história não consegue manter o mesmo ritmo todo o tempo e a experiência de leitura não é o tempo todo prazerosa. Talvez isso aconteça também por ser uma história que trata de assuntos como solidão, depressão, crise existencial. Mesmo assim acho que vale a pena acompanhar a saga de George por um propósito de vida!