Lázaro (Editora Alfaguara, 2022) é mais um volume da série de suspense escrita pelo casal sueco Alexander e Alexandra Ahndoril, que escrevem sob o pseudônimo Lars Kepler. O thriller acompanha os investigadores Joona Linna e Saga Bauer em um caso que tem vínculo com um passado recente e que coloca em risco a segurança de todos aqueles que eles amam. De todos os volumes que li até agora, esse é o mais pessoal de todos os casos e que coloca os investigadores diante dos próprios atos e de uma violência extrema. É uma história cheia de enigmas, onde um passo em falso pode significar a morte de alguém muito próximo.


Diferente dos outros volumes da série, que apesar de interligados, não necessariamente precisam ser lidos em ordem, acredito que para garantir uma melhor experiência de leitura, que Lázaro deve ser lido depois de “O homem de areia”, “Stalker” e “O caçador” (necessariamente nessa ordem). Alguns acontecimentos dessas obras serão importantes para que o leitor entenda algumas referências, diálogos e motivações dos personagens.

A escrita de Alexander e Alexandra é muito fluida e os capítulos são curtos e assertivos. Eles encontraram um tom narrativo, que está ainda mais forte nessa obra, que torna impossível você sair satisfeito de um capítulo, pois a estrutura narrativa sempre pede que você avance mais algumas páginas, e apesar de estarmos tratando de uma leitura que algumas pessoas denominam como “leitura de entretenimento”, nos vemos diante de uma escrita bem elaborada e inteligente.

Um grande acerto da escrita está na forma como os autores constroem os personagens principais. Já conhecemos bem a história de Joona e Saga e seus métodos, por vezes, questionáveis, mas sempre sobressai a forma como cada caso se torna uma obsessão para ambos, a ponto de deixarem de se preocupar com a própria segurança. Mas em Lázaro, todos os méritos vão para a construção de um dos melhores vilões que já vi em um livro de suspense. Os investigadores estão tentando combater um indivíduo com uma inteligência surpreendente e que se deleita com o jogo de manipulação. É um vilão que beira o sobrenatural, tamanha sua capacidade de manipular mentes e gerar medo.

- Você está querendo me dizer que sou louca?

Os olhos dele permanecem cravados nela.

– Você tem uma escuridão dentro de você que é quase páreo com a minha.

– Como é a sua escuridão?

– É escura – ele diz, com um traço de sorriso no rosto.

– Mas você é são ou louco?

– Depende de quem pergunta.

 


A história inicia quando a polícia começa a investigar uma série de mortes brutais que estão acontecendo por toda a Europa, sendo que um dos detalhes é que todas as vítimas são criminosos. Joona acaba percebendo um vínculo, um ponto em comum, entre as mortes e apresenta uma teoria que inicialmente é refutada pelas autoridades e ele se vê obrigado a fugir como uma forma de proteger a si e a pessoas próximas, mas para o jogo que está prestes a ser jogado, não existe fuga.