O homem de areia (Alfaguara, 2018) é um livro de suspense do casal de escritores suecos Alexandra e Alexander Ahndoril, escrito sob o pseudônimo Lars Kepler. A obra é mais uma publicação que coloca o astuto detetive Joona Linna à frente das investigações. Os autores apostam em um texto fluido, de capítulos curtos e muitas reviravoltas. No início da narrativa, sabemos que o perigoso serial killer, conhecido como Jurek Walter, está isolado em uma prisão de segurança máxima em uma ala psiquiátrica, onde não pode interagir com ninguém. Ainda assim, os crimes creditados ao assassino, continuam a acontecer da forma que ele ameaçara que aconteceria no momento de sua prisão. Para desvendar o mistério, uma equipe especial de investigação precisará utilizar de métodos pouco convencionais para descobrir as origens e as motivações de Jurek, como também salvar vidas que ainda estão em perigo.


Em uma noite extremamente fria em Estocolmo, um homem aparece sozinho e desnorteado em uma ponte. Quando ele é encontrado, a hipotermia já toma conta de seu corpo. Ao ser levado para um hospital, descobre-se que há sete anos ele foi declarado morto.
Todas as circunstâncias indicam que o jovem sobrevivente, chamado Mikael Kohler-Frost, era uma das vítimas de Jurek Walter. Ele sumiu, juntamente com sua irmã Felicia, quando ainda eram crianças. As investigações que estavam paradas há quase uma década são retomadas, ainda que os investigadores não tenham mais informações para desvendar o caso do que no passado. Para conseguir destrinchar a história, Joona e os demais investigadores vão juntando pequenas migalhas, em um processo onde cada pequena informação é importante.

Algumas das pistas trazidas pelo sobrevivente, começam a vincular o caso a uma história eternizada pelo escritor alemão Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, que é um dos contos mais importantes do século XIX e precursor da literatura que explora o fantástico e o psicológico. No conto de fadas, o homem de areia é uma entidade que aparece para as crianças que tem dificuldade para dormir. Ele joga areia nos olhos da criança, que então cai no sono. É por esse motivo que, às vezes, acordamos com aquela areia no canto dos olhos.

De forma perturbadora, o garoto sobrevivente, que nunca conseguiu ver o rosto de seu sequestrador em todos os anos que ficou em cárcere, só consegue chamar seu algoz de “o homem de areia”. Com a mente um tanto quanto perturbada pelo trauma e pelos anos de isolamento, as pessoas vão precisar juntar as peças de seu depoimento, filtrando o que é fato e o que é imaginação, sendo que, às vezes, o relato da vítima parece assumir um caráter quase sobrenatural.

Joona Linna nunca se deu satisfeito com os rumos das investigações desde que os irmãos sumiram. Mesmo quando o caso foi dado como encerrado, sob a alegação de que os irmãos poderiam ter se afogado em um rio próximo da casa que moravam, Joona nunca abandonou sua narrativa de que as crianças teriam sido levadas por Jurek. Com o reaparecimento de Mikael, Joona vê a oportunidade perfeita de conseguir as respostas que sempre desejou e de fazer Jurek pagar por toda a crueldade de seus crimes. A inteligência de Jurek Walter e Joona Linna se transforma em um verdadeiro jogo de xadrez que deixa os leitores vidrados do início ao fim.