As Sete Irmãs: a irmã desaparecida da Lucinda Riley (Editora Arqueiro, 2021) traz a aguardada história da Sétima Irmã. Após conhecermos as origens de Maia, Ally, Estrela, Ceci, Tiggy e Electra, Lucinda nos leva para uma viagem que passa pela Nova Zelândia, Canadá, Inglaterra, França e Irlanda. As Sete Irmãs voltam a se encontrar na casa onde foram criadas e estão se preparando para prestar uma homenagem ao pai morto, mas para isso querem descobrir o paradeiro da “irmã desaparecida” após uma pista importante vir à tona.


Como já estamos familiarizados com a personalidade de cada uma das irmãs e acompanhamos a descoberta das origens de cada uma delas, é bem interessante vê-las, reunidas na casa onde foram criadas, só que agora munidos de informações onde cada fala, cada sutileza e reação ganha um outro sentido e se torna uma peça para decifrar alguns segredos.

O livro acompanha o papel de cada uma delas na busca pela irmã desaparecida, ao mesmo tempo que nos apresenta a uma narrativa paralela que esbarra na história da Irlanda. Lucinda termina a saga das sete irmãs explorando seu próprio país de origem. Assim como nos outros volumes, a escritora mescla sua ficção com fatos reais, onde personagens fictícios cruzam com figuras reais em uma trama cheia de reviravoltas.

A Revolução irlandesa está no centro da história e promovendo mudanças que redefiniram a vida das personagens nos tempos atuais. O livro fala sobre a Revolta da Páscoa de 1916, que foi um desdobramento da luta dos irlandeses pela conquista de um autogoverno, uma vez que a Irlanda era dominada pela Inglaterra. 

Michael Collins, uma figura histórica da Irlanda e que teve um importante papel para a independência do país, também aparece com bastante destaque na trama. Collins é um herói nacional também conhecido como “Mick” e “Grande Companheiro”. Uma outra figura histórica do livro é Charlie Hurley, que foi inserido no livro como o melhor amigo de um dos personagens fictícios. Ele foi umas das peças chave de West Cork durante a Guerra Anglo-Irlandesa.

Concentrei-me em West Cork, um belo condado costeiro no sudoeste da Irlanda, onde moro. Em pleno lockdown, voltei-me para meus amigos e vizinhos e me dispus a descobrir mais sobre a história recente da Irlanda. No centro de tudo, estava o feroz desejo de independência do Império Britânico, que dominou as terras irlandesas por mais de setecentos anos, desde a invasão anglo-normanda da Irlanda, em 1169. No século XX, o condado de West Cork tornou-se fundamental na luta pela independência, e a fictícia família Murphy é inspirada por famílias que lutaram bravamente e perderam muito na revolução.

Cenas de destruição em Dublin

Michael Collins

Quando pensamos que Lucinda não teria mais fôlego para explorar a mitologia por trás da constelação das Plêiades e das “sete irmãs”, ela chega com um dos capítulos mais interessantes dessa lenda, que é o mistério da “irmã desaparecida”. Na mitologia grega, as Plêiades eram as sete filhas do Titã Atlas. Ele foi incumbido de segurar o céu por toda a eternidade e, por isso, não conseguia proteger as suas filhas. Para salvá-las de serem sequestradas pelo caçador Orion, o grande Zeus transformou-as em estrelas. Acontece que uma irmã se apaixonou por um mortal e dizem que é por isso que vemos apenas seis estrelas ao olhar para o céu.


É excitante a maneira como Lucinda explora diversas facetas da lenda da constelação das Plêiades. Ela inseriu na personalidade de cada irmã, elementos de diferentes versões da lenda que existem pelo mundo e inclusive características que tem a ver com a simples observação da constelação a olho nu. No volume sete, a exploração da história da irmã desaparecida fecha muito bem o ciclo das narrativas das irmãs e aumenta o suspense sobre a história de Pa Salt, o pai adotivo. Alguns mistérios são respondidos e outros são deixados para o volume final, que contará a história de Pa Salt.

A narrativa de “A irmã desaparecida” é eletrizante. Por conta dessa característica da busca pela irmã, que inclusive não quer ser encontrada, alguns capítulos são um verdadeiro thriller de suspense. O leitor perde o fôlego ao passear por três tempos narrativos: o presente, onde as seis irmãs adotivas partem numa busca ansiosa pelo paradeiro da “irmã desaparecida"; o passado, onde a infância de uma das personagens será fundamental para encaixar algumas peças; e um passado ainda mais longínquo que conta a história de uma personagem que se mistura com a independência da Irlanda.

Infelizmente, Lucinda faleceu antes de lançar o oitavo livro. A boa notícia é que boa parte da narrativa final já estava desenhada pela escritora, e seu filho, que também é escritor, pegou para si a missão de nos entregar o capítulo final. “Atlas: a história de Pa Salt está com previsão de lançamento mundial para o dia 11 de maio de 2023.