24: Faísca do Pedro Guerra (edição do autor, 2016) é um livro sobre amor. A história se passa em exatas 24 horas, que se mostram como tempo suficiente para suscitar emoções e sensações que aproximam personagens e leitores. Viramos cúmplices de Thomas e Henri, testemunhas de um reencontro com a própria história e com um sentimento que é difícil de descrever, uma vez que cada pessoa vive a paixão e o amor com intensidades e necessidades diferentes.


24: Faísca é para mim mais um exemplo de livro que gostaria de poder ter lido na adolescência. Ver as questões de gênero e diversidade serem representadas com tanta naturalidade na literatura é de grande importância para formação da nossa identidade enquanto LGBTQIA+.

É um sopro de esperança ver obras como essa sendo acessadas por essa nova geração. Pedro Guerra deixa sua contribuição ao escrever uma história que humaniza a relação gay e onde o amor e o afeto é que são os temas principais. É muito interessante também a forma que Pedro resignifica o número 24 que já foi tão usado para disseminação de piadas homofóbicas e pautadas em masculinidade tóxica. Mas é claro que vocês precisarão ler o livro para entender a importância desse número para a narrativa, para além do fato que a história se passa em 24 horas.

Thomas e Henri, se conhecem desde a escola. Thomas se apaixona por ele assim que o vê adentrar a sala de aula como aluno novo. Apesar de não conversarem muito, nem fazer parte do mesmo círculo de amizade, a paixão de Thomas persiste e perdura. Alguns anos se passam e ao retornar para a cidade de Porto Tempestade, um novo começo pode ocorrer para os dois.

Thomas e Henri agora são pessoas diferentes e procurando por coisas diferentes. Por incrível que pareça é o desencontro que promoverá um novo encontro entre eles. Pedro Guerra passa então a fazer reflexões sobre amor, paixão, cuidado, afeto, sexo e as consequências e prazeres que caminham juntos com o fato de gostar romanticamente de alguém.

Enquanto os meninos vão se descobrindo e permitindo se conhecerem melhor, alguns fatos do passado vem à tona e nós como leitores passamos a ter mais informações e a entender melhor o íntimo dos garotos. Assim como também esperamos ansiosamente pelo primeiro beijo.

O livro possui trechos que são inspiradores e que tocam fundo em qualquer pessoa que já se apaixonou alguma vez na vida. Explora o que há de lindo e de patético, de entrega e de negação quando nosso único desejo é mergulhar na vida de alguém.

Em "24: Faísca" torcemos, julgamos, as vezes ficamos com raiva, mas o sentimento que domina é o que espera que tanto Thomas quanto Henri possam primeiramente se amarem em sua individualidade, para então poder se sentirem livres para viver um amor que se mostra universal.