Imagine um condomínio, situado na Rua Mortinho da Silva, número 13, onde moram uma múmia, Frankenstein, fantasma, bruxa, lobisomem, bicho-papão, esqueleto, Drácula, Saci e toda sorte de monstros do imaginário infantil. Esse é o universo criado por Alexandre de Castro Gomes e ilustrado pela Cris Alhadeff no livro infantojuvenil “Condomínio dos Monstros” (RHJ Editora, 2020).


“Condomínio dos monstros” é mais uma história que entrou em meu radar enquanto bibliotecário e mediador de leitura, por conta de sua grande procura na biblioteca. Sempre fico curioso com as histórias que, de repente, viram febre entre as crianças e que nem voltam para a estante, devido ao número de empréstimos.

Entre tantos outros, existem dois temas que são quase uma unanimidade entre as crianças que frequentam a biblioteca e que são exclusivos de uma faixa etária específica: dinossauros e monstros. A figura do monstro e a exploração do grotesco, dialoga com as crianças, pois além de trabalhar de perto com a fantasia e a imaginação, também exerce um papel de nomeação de tudo aquilo que soa confuso para as crianças em sua relação de aprendizagem do mundo. É uma forma de olhar de frente o estranho, o assustador, o imprevisível.

Muito mais do que sentir medo, percebo que as crianças procuram histórias de terror e de monstro, ainda que inconscientemente, como uma forma de nomear sentimentos e de lidar com medos particulares que fazem parte da apreensão do mundo e seus desafios.


Os monstros foram chegando ao playground, onde a Múmia já esperava, com muito sono e mau-humor. Frankenstein desceu pelas escadas, pois não cabia no elevador. A Mula sem cabeça veio galopando pela porta da garagem. O Saci chegou em um redemoinho de vento. O Fantasma atravessou as paredes. A Bruxa estrou voando com a vassoura, junto com o Drácula, transformado em morcego. Já o Lobisomem, o Bicho-Papão e o Esqueleto vieram pelo elevador mesmo.
“O condomínio dos monstros” é um livro cheio de monstros e muito divertido, que dá vazão a essa experimentação do grotesco, do imprevisível e do medo através da linguagem da fantasia. Os monstros, que moram todos no mesmo condomínio, se juntam em uma reunião, convocada pela múmia, para resolver um problema de convivência e os diálogos e as soluções encontradas pelos moradores divertem crianças e adultos.