O caçador de Lars Kepler (Alfaguara, 2020) é mais um thriller de investigação do casal de escritores suecos Alexandra Coelho Ahndoril e Alexander Ahndoril. A dupla possui algumas publicações de sucesso, que tem como protagonista o detetive Joona Linna. São títulos, que não necessariamente você precisa ler na ordem de lançamento. Em “O caçador” temos de volta alguns personagens fixos da série, envoltos em mais um mistério repleto de reviravoltas e mortes violentas.


O nicho de romance policial, que sempre foi dominado por escritores americanos e ingleses, agora divide o espaço com os nórdicos, que possuem uma escrita envolvente e eletrizante, exatamente como o gênero pede. Além do casal Ahndoril, podemos citar nomes como do norueguês Jo Nesbo e da sueca Camilla Lackberg. É sempre bom descobrir novas maneiras de contar uma história.

O detetive Joona Linna passou dois anos em uma prisão de segurança máxima quando recebeu uma inesperada visita. A polícia precisa de sua ajuda para deter um misterioso assassino: o chamam de O Caçador de Coelhos, pois a única conexão entre suas vítimas é que ouvem uma canção de ninar sobre coelhos antes de morrer. Joona agora tem a chance de sair da prisão para, com a policial Saga Bauer, tentar desvendar quem é esse misterioso caçador e salvar seus próximos alvos. Mas o que aparentemente parece ter motivações terroristas se transforma em um dos casos mais complexos de sua carreira.
Imaginem o seguinte cenário: após ouvir uma canção infantil macabra, que fala sobre coelhos, um assassino mascarado aparece na sua frente para matá-lo de forma que você sofra muito antes de morrer. O assassino é perspicaz, inteligente e não deixa rastros. A única coisa que se sabe é que ele segue seu plano à risca e que mais pessoas irão morrer.

Dez coelhinhos, todos de branco enfeitados,
Tentaram chegar ao céu na ponta de uma pipa amarrados
Rompeu-se a linha da pipa, todos despencaram,
Em vez de irem para o céu, todos eles acabaram…
Nove coelhinhos, todos de branco enfeitados,
Tentaram chegar ao céu na ponta de uma pipa amarrados…
Após a morte de uma figura muito importante da Suécia, a polícia de Estocolmo decide solicitar a ajuda do brilhante detetive Joona Linna para solucionar o caso. Todo o corpo de investigação sabe que Joona talvez possa ser a única pessoa capaz de desvendar as motivações e a identidade do assassino, que age de forma metódica e profissional.

Cabe comentar aqui a dedicação dos autores para construção de seus vilões. Partindo de alcunhas, que no caso desse livro seria “o caçador de coelhos”, os autores sempre utilizam de algo que mescla o sobrenatural e o real para aumentar a dose de terror das histórias, que por fim acabam se mostrando apenas mais uma faceta da violência de que somos capazes. Seus vilões são sempre extremamente profissionais e sem espaço para compaixão. Como o caçador se vale de um plano muito bem pensado e, aparentemente sem falhas, o mesmo fica muito a vontade a cada vítima que faz, o que aumenta a adrenalina de personagens e leitores.

Os autores repetem uma fórmula que deu muito certo nos demais volumes da série Joona Linna. Os capítulos são curtos e frenéticos. De forma inteligente, várias pistas vão sendo deixadas para os leitores durante a narrativa. Para nos confundir, algumas histórias paralelas e aparentemente desconectadas da trama principal, vão sendo apresentadas. Mas sempre chega o momento em que todas as histórias se encontram e as narrativas se completam para a solução dos mistérios.