Para onde vamos quando desaparecemos? (Editora Alaúde, 2015) foi lançado pelo selo Tordesilhinhas e tem texto de Isabel Minhós Martins e ilustrações de Madalena Matoso, ambas de Lisboa - Portugal. O livro possui um texto bonito e sensível sobre um tema difícil para adultos e que muitas pessoas ainda acreditam que nem deviam chegar perto das crianças: a perda.


Acontece que desde que nascemos já começamos a lidar com a perda nas suas mais diversas facetas. A história nos pergunta para onde vão as coisas e as pessoas quando não estão mais aqui, portanto, é um livro que fala da finitude de tudo o que nos rodeia, desde uma grande rocha que levará milhões de anos para se descaracterizar completamente até o sopro que é uma vida humana.

Nada dura para sempre e se nada dura para sempre por que nossas crianças não podem discutir sobre o fim da vida e de todas as coisas? É impossível proteger as crianças do exercício da perda, que começa com um brinquedo quebrado ou desaparecido, uma professora querida que ficou nas séries iniciais, um amigo que precisou mudar de cidade, o dente que caiu, até que terá de lidar com a morte.


O livro é um exemplo da qualidade que permeia muitas de nossas publicações para a infância e também um exemplo de como a literatura dita infantil pode ser um instrumento importante de formação e enfrentamento da aventura nem sempre agradável que é viver.

"Para que alguma coisa desapareça são precisos sempre dois. Um que fica e um que desaparece", porque no fim perder tem a ver com movimento e existência.